Acompanhamento de ações pedagógicas para alunos com Necessidades Educacionais Especiais
Atuando hoje como Coordenadora Pedagógica na escola Municipal de Educação Infantil
Pelezinho, localizada em Taboão da Serra, composta por 2 períodos (1 berçário,
1 mini maternal, 5 jardins I e 5 jardins II), com aproximadamente 350 alunos matriculados, sendo 05 alunos
portadores de necessidades especiais.
Estes
alunos são assim descritos:
01 aluno com Síndrome de Down no mini
maternal, 01 aluna com Síndrome de Down no berçário, 01 aluno com Paralisia
Cerebral no jardim II, 01 aluna com
Transtorno Global do Desenvolvimento jardim II, e 01 aluno com Síndrome de
Prader Wille no jardim II. Na escola não temos uma sala de recursos, portanto
estes alunos são atendidos na sala de AEE
da EMEF Maria Alice B. Ghion.
Todos
os alunos estão sendo acompanhados pela escola regular e pela equipe do AEE, iremos descrever um dos casos
atendidos na escola e os encaminhamentos que estão sendo realizados.
João
(nome fictício), um aluno que nos trouxe vários desafios. João apresenta um
quadro de Paralisia Cerebral com sequelas nos membros superiores e inferiores,
tendo seu cognitivo preservado, fato este que muito nos animou, porém sua fala
é extremamente comprometida dificultando nossa comunicação. João é uma criança
de 06 anos de idade, que nunca frequentou o ambiente escolar, utiliza fraldas e
não se comunica oralmente. João apresenta irritabilidade quando não é
compreendido, querendo sempre todas as atenções para si. Nos primeiros dias de
aula foi muito difícil, pois era o primeiro contato da Criança com o ambiente
escolar. Para superar a negação ao desconhecido foi oferecido ao aluno um
tatame para se sentar e todos os colegas neste momento também lançaram mão das
mesas e cadeiras e sentaram-se no chão, proporcionando assim um ambiente
acolhedor e igualitário a João. Desta forma João superou o nosso primeiro
desafio que foi o medo do novo, após este momento foi solicitado à sua mãe que
trouxesse sua cadeira de rodas para ter maior mobilidade. A partir daí, João
consegue interagir com seus colegas em todos os momentos com algumas
adaptações.
Cabe
comentar que a criança demonstra afeição por alguns amigos aos quais ele tem preferência. Aceita brincar
sozinho cuida bem dos brinquedos e tenta dividi-los com os colegas quando estão
brincando com juntos. Seu relacionamento com os colegas é recíproco, pois
demonstra integração e parceria e, os colegas por sua vez querem ajudá-lo, João
expressa suas emoções e sentimentos através do sorriso e de balbucios.
Ainda não lê convencionalmente, mas aprecia jogos com letras e imagens de
animais.
Durante
todas as atividades propostas podemos observar que João interage com o grupo,
gosta dos momentos de contação de histórias e participa dos momentos de
brincadeiras, tanto no parque quanto na brinquedoteca, ele adora ficar dentro
da piscina de bolinhas. Apresenta baixa concentração, se dispersando com
facilidade nos momentos de atividades dirigidas.
Histórico de vida do aluno
O
parto de João teve muitas complicações, a criança passou da hora de nascer por
negligencia médica, o que desencadeou uma série de problemas de saúde na
criança.
Somente
com três meses de vida é que foi relatado para a mãe da criança que ele tinha
Paralisia Cerebral e que deveria ter acompanhamento clinico. Desde então, João
faz acompanhamento sistêmico na AACD, tanto para estimulação física quanto
cognitiva. João é uma criança alegre e esperta, esta sempre atento a quem esta
a sua volta, em casa a mãe relata que passa maior parte do tempo em sua cadeira
de rodas, assiste tv e brinca com o irmão mais velho de 8 anos.
Lembro
que João esta na unidade há 9 (nove)
meses, estamos ainda nos descobrindo, demonstramos ainda certa dificuldade na
comunicação e na aquisição de material e/ou confecção de materiais adequados à
ele para registrar seus momentos. É no convívio com os outros na escola regular, que
o aluno com NEE encontrará desafios e meios para solucioná-los.
A
estimulação precoce vem trazer novas possibilidades para a pessoa com
necessidades educacionais especiais. Tal estimulação precoce proporciona
engates para o desenvolvimento da criança como um todo e, deve ser iniciado no
âmbito familiar e deve ser continuo no ambiente escolar.
Na
sala de AEE João esta tendo
estimuladas suas funções motoras e a profissional esta experimentando a melhor
forma de adaptar o material escolar do aluno. Acreditamos que até o final do
ano letivo João, já poderá mostrar mudanças em seu comportamento escolar.
As
ações voltadas para a pessoa portadora de deficiência física, dentro da sala de
aula e no ambiente escolar, devem incluir medidas que tenham como objetivo
promover a diminuição das diferenças, causadas por comprometimentos funcionais
exigindo por parte da comunidade escolar atitudes, que facilitem o acesso e a
permanência do aluno deficiente físico, tornando possível o aprendizado global
e a ampliação de sua rede social inicialmente restrita ao âmbito familiar a
terapêutico.
Dentre essas ações podemos
incluir:
-
Utilização de recursos ergonômicos (mobílias, órteses e adaptações) capazes de
permitir postura e alinhamento adequado, para o auxílio nas realizações das funções motoras direcionadas
ás tarefas escolares.
-
Organização cuidadosa dos espaços físicos, visando facilitar o deslocamento e a
movimentação do deficiente na sala de aula e no ambiente escolar. (Rampas de
acesso, corrimãos nas salas e sanitários, ampliação das portas de acesso etc.)
-
Orientações, práticas é esclarecedoras aos educadores e comunidade escolar a
respeito dos cuidados em relação ás AVDs (Atividades da Vida Diárias) do
deficiente físico.
-
Estimular o aluno a se valer das suas reais possibilidades para se relacionar,
explorar e aprender, criando novas possibilidades que contribuirão para a
ampliação de sua rede social.
Assim
podemos dizer que quando a criança começa a utilizar os meios de expressões
gráficas como recortar, ler, escrever, transcrever em sentido bem definido, ela
necessitará de lançar mão de algumas habilidades como estabilizar o seu corpo e
efetuar movimentos com independência das articulações dos ombros, cotovelos,
punhos e dedos e ao mesmo tempo necessitará da preensão, pressão e coordenação
como podemos observar, sempre existirá influencia do comportamento motor sobre
o comportamento geral e isso prosseguirá durante todo o processo educativo, por
tanto é impossível separar funções motoras das puramente intelectuais.
Na
questão da educacional, muitas vezes quem tem PC não é acometido por nenhuma
disfunção cognitiva, mas apresenta limitações físicas, como não conseguir ficar
muito tempo sentado e não se comunicar ou escrever da forma convencional.
Normalmente são utilizadas ajudas técnicas como cadeira e lápis adaptados, podendo
estudar em escola regular, garantindo desenvolvimento e aprendizagem
significativa.
No
caso de João ele ainda tem muitas dificuldades quanto aos seus movimentos,
apresenta uma atrofia muito severa em seus membros inferiores e superiores,
ficando a maior parte do tempo na cadeira de rodas, se comunica através de
sinais e balbucios. A prancha de desenhos também é utilizada pela professora
quando necessita de respostas mais específicas.
Os
avanços são pequenos, porém gratificantes, João já se prepara para frequentar a
escola regular na EMEF, suas experiências na EMI contribuirão muito para sua
adaptação neste novo espaço.
Acreditamos
que incluir alunos com NEE é uma responsabilidade da escola e um dever da
sociedade, a escola precisa da parceria com a família para assim desempenhar
seu papel na educação formal destes alunos.
Daniela Finkenauer Menara
Coord. Pedagógica
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